Danna Devonne

Danna Devonne

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Capítulo 1

15 de Junho

"Ás vezes parece que seu mundo interior é um completo vazio, parece que sua vida não passa de uma bela mentira, até que algo que você menos esperava ou achava que nunca iria acontecer acontece e caboom!"


Eu li isso em um livro uma semana antes do meu pai falecer.
Seu nome era Nickolas De La Harper. Depois que ele partiu tudo mudou. Mamãe não parece feliz, sei que eles se amavam, mas isso já parece doença, ela não come direito e na maioria das vezes nem fala comigo, Nathan também está diferente, ele não sai mais com os amigos como antes não ouvi musica nem acessa a internet, isso já está começando a me irritar profundamente, certo. Papai morreu, mas ele por acaso iria desejar que nós sofrêssemos por causa dele? Tenho certeza que não. Mas mesmo assim mamãe quer se mudar para o mais longe possível de onde ela conheceu o papai, quer largar tudo e fugir das lembranças que a tormenta tanto, mas por acaso ela perguntou se eu estava a favor disso tudo? Não. Ela não perguntou e agora por causa disso estou abandonando meus melhores amigos, minha cidade, minha escola, minha vida e tudo que já tive de bom! Vamos nos mudar do Tennessee para Andover, Massachusetts, não estou nada a fim de ir, mas ela já comprou uma casa lá e Nathan pareceu gostar eu não estou otimista quanto a isso, sinto como se algo estivesse errado, como se alguma coisa que mudaria o rumo de toda a minha vida fosse acontecer neste novo lugar... Hummm deve ser neura minha. Esquece isso! Ahhh, aliás, esse meu novo diário eu ganhei da Jennypher Momf minha melhor amiga... Ela me deu esse diário quando soube que eu me mudaria e já que não nos veremos por um bom tempo ela disse que sempre que eu escrevesse aqui seria como se eu estivesse desabafando com ela, como eu sempre fiz desde meus três anos de idade, mas que seja! Agora vou arrumar minhas malas já que partiremos amanhã.
Boa noite;*



Já era de manhã, Melissa levantou sem nenhum entusiasmo, hoje ela largaria tudo, praticamente sua vida toda, Nathan seu irmão loirinho dos olhos cinza de 14 anos estava correndo de um lado para o outro pegando suas malas e levando até o carro, a Sra. Lorena De La Harper como sempre sem emoção alguma nos olhos e nem ao falar.
- Mel! Vamos logo! O caminhão de mudança já está nos esperando! - avisou a Sra. Lorena.
- Já vou! - Melissa desceu as escadas com sua última mala. Ela vestia uma minissaia azul bebê e uma camiseta branca com detalhes azul.
Antes de sair ela deu uma última olhada na casa e gravou tudo possível dos detalhes dela: as janelas, as portas, o jardim... Tudo.
- Vamos logo Melissa! Quero logo conhecer nossa nova casa! - disse Nathan.
-Tá. - disse ela sem a mesma animação de seu irmão.
- Vai ser legal, você vai ver. - disse ele.
- É talvez. - disse ela.
Depois que eles entraram no carro passou mais ou menos umas seis horas, ou menos, Nathan já estava desesperado, o que foi legal, isso os animou e nem Lorena nem Melissa estavam tristes como antes.
- Já chegamos? - perguntou ele.
- Não. - disse Mel pela centésima vez.
- E agora?
- Não.
- Tem certeza?
- Absoluta.
- Hummm, não sei não.
- Nathan se você não calar a boca eu vou te esgoelar!
- Tá! Eu já parei.
  Ele hesitou por 30 segundos.
- Mas você tem mesmo certeza?
- Nathan! - Lorena e Mel exclamaram juntas e depois riram.
- Agora chegamos?
- Sim Nathan! - disse a Sra. Lorena. - Agora nós chegamos.
De repente aquela sensação de 'algo mudará' voltou no peito de Melissa, ao saírem do carro sua mãe perguntou:
- Mel, você está bem?
- Ah! Sim. Eu estou. – disse ela.
- Então tá. Ajude-me a colocar as malas lá dentro, ok?
- Tá.
Nathan, Lorena, Mel e uns três caras do caminhão de mudança colocavam as malas e as mobílias dentro da nova casa. Era uma casa bonita, por fora era de um branco chantilly, as janelas eram grandes e de madeiras, o jardim era bem bonito com um balanço perto do portão de madeira, por dentro era espaçoso para somente 3 pessoas morarem.
- Mel, só falta uma caixa, pegue ela lá e vem pra nós comermos algo.
- Tá bom.
Ela saiu foi até o portão, quando pegou a caixa a parte de baixo do papelão abriu e fez com que tudo que estava dentro dele caísse no chão.
- Droga! - resmungou Melissa para si mesma.
Ela começou a recolher tudo que havia caído, quando se levantou viu um garoto e o encarou, ele usava jeans e camiseta branca, tênis All Star, carregava uma mochila nas costas, tinha cabelos castanho médio meio bagunçado, pele branca quase amarela, ela o achou engraçado não pela aparência, mas sim no jeito, ele vinha com fones no ouvido com os olhos meio fechados e cantando, Mel riu e ele abriu os olhos e parou quando reparou que estava sendo observado, Mel se sentiu corar, aonde se viu? Ficar encarando as pessoas? Com vergonha ela desviou o olhar e saiu andando em direção a sua casa, e quando olhou para trás para ver se o garoto já tinha ido embora ela teve uma surpresa, ele estava andando na mesma direção no mesmo ritmo lento dela ou seja, ele era o seu vizinho.
Maravilha. - pensou ela.
Antes de entrar ela deu mais uma olhada e lhe mandou um sorriso e para outra surpresa dela ele retribuiu o sorriso. Então ambos entraram em suas casas.
Quando entrou, Mel ficou encostada na porta.
-Mel, você está bem? - perguntou Nathan.
Melissa franziu o cenho com uma pontada de indignação.
- To! Por quê?
- Nada... Tá com cara de boba...
- Eu? Por que estaria?
- Sei lá... Por que estaria? Hein? - disse ele com malícia.
- Nate, para com isso agora!
- Tá! Já parei! - e saiu rindo feito um maluco fugindo do hospício.
- Maluco... - e então ela saiu até a sala de estar.
 Quando chegou, sua mãe estava colocando os pratos e as panelas sob a mesa.
-Mel, eu já fiz a sua matrícula na escola aqui perto, é uma boa escola. - ela hesitou por um momento e depois se autocorrigiu. - Pelo menos eu acho.
 - Qual é o nome da bendita escola?
 - Acho que se chama "New Beville High School".
 - Você acha?
 - É! Eu acho.
 - Tá bom então. - ela pensou - E quando começa?
 - Amanhã.
 - Amanhã?! - perguntou ela em prantos.
 - É! Ou você achou que ficaria no maior bem bom?
 - Ahhhh... Pelo menos uma semana até eu me recuperar da mudança...
 - Engraçadinha.
 - Ahhh mãe...
 - Nem A e nem B, vai logo comer.
 - Droga. - sussurrou.
 - Eu ouvi isso mocinha.
Mel foi comer depois subiu para seu quarto e começou a escrever em seu diário.

16 de junho

Hoje não foi tão ruim quanto eu pensei que seria. Mamãe parece estar melhor, eu me sinto melhor, mas ainda sinto um vazio dentro de mim. Minha mãe amava demais o papai e a morte dele parecia ter matado ela também, é como se não houvesse mais sentido para ela viver se ele não estivesse mais aqui. Alguém pode me explicar por que isso acontece? Por que o amor dói tanto? Ele não deveria ser saudável e duradouro? As pessoas se apaixonam e não são correspondidas e quando são também sofrem, então do que adianta? Eu realmente espero nunca, nunca, nunca mesmo me apaixonar!




Ela parou de escrever quando ouviu um barulho estranho do lado de fora da casa, ela abriu a janela e viu aquele garoto, o vizinho. Ele estava com um telescópio na mão derrubando toda hora, ele procurava algo no céu até que avistou a Melissa o vigiando, ela disfarçou e fechou a janela.
- Que mico. - disse ela para si mesma.
Depois foi dormir pensando no mico.

                                                                   ****


O relógio soou 05h50min A.M para ela se levantar, mas ela continuou deitada.
- Melissa levanta!- gritou sua mãe.
Ela se levantou desanimada e se arrumou. Quando desceu sua mãe já tinha preparado o café da manhã.
- Bom dia Feia Adormecida. - disse Nathan.
- Come logo, você está atrasadíssima. - dizia sua mãe correndo de um lado para o outro.
Ela se sentou ainda com sono.
 - Mãe, por que essa correria toda? - perguntou Melissa.
- Hoje eu tenho minha entrevista de trabalho. - respondeu ela toda atrapalhada colocando seus sapatos e tropeçando. Nathan e Melissa deram um sorrisinho de deboche.
- Parem de rir! Eu estou com pressa e nervosa.
- Eu levo o Nathan para a escola? - perguntou Melissa.
Sua mãe parou de correr e olhou para ela com uma feição séria.
 - Você por acaso acha que eu vou levar esse marmanjo para escola sendo que eu estou atrasada para a minha entrevista de trabalho?
- Não Senhora. - disse Melissa rindo.
- Bem. Vamos antes que ela nos expulse - disse Nathan se levantando.
- Tá. Tchau mãe! - exclamou Melissa.
Tchau! - gritou ela do segundo andar.
De repente eles dois ouviram um barulho de algo caindo.
Nathan e Melissa trocaram olhares assustados.
- Eu to bem! Foi só um tombo! - gritou Lorena.
Então eles saíram da casa rindo.
                                                                    
****

Enquanto eles andavam na calçada, Melissa percebeu que Nathan estava pensativo.
- O que foi? - perguntou ela.
- Nada.
- Você sabe que pode me dizer tudo. Pode sempre contar comigo para tudo.
- É só que eu sinto falta dele.
- Eu sei... Eu também sinto, mas se ele nos visse assim, sofrendo por ele... - ela balançou a cabeça de um lado para o outro. - Se ele nos visse assim ele com certeza diria: "Deixem de ser chorões! A vida continua para vocês!" - disse Melissa fazendo uma imitação ruim da voz de seu pai.
Nathan riu.
- É verdade. - disse ele. - Obrigada Mel.
- Pelo o que?
- Por ser assim. Tão especial.
Melissa sorriu e ambos se abraçaram. Mel havia se despedido de Nathan na entrada. Em seguida ela pegou o horário de sua mochila



Viu que sua primeira aula seria inglês na sala 21. Ela procurou a sala, mas havia se perdido. “Como alguém se perde em uma escola?”, perguntava ela a si mesma. Então pensou em pedir ajuda à algum aluno, foi aí que ela finalmente reparou que os corredores estavam vazios.


“Maravilha! Além de perdida, sozinha!”. Melissa encostou-se em uma porta, quando olhou para cima viu que era a sala 21. Então resolveu bater na porta. Um professor careca e com cara de rabugento abriu a porta. Ele olhou em seu relógio velho e depois a encarou.
– A senhorita não acha que está meia atrasada?
 Mel somente assentiu.
– Então vá se sentar antes que eu me arrependa! – disse ele.
Enquanto ela entrava na sala ia buscando o máximo de informações. As mesas eram brancas como as cortinas. Os alunos aparentavam estar com sono e vizinho! Melissa não acreditou. Estava na mesma sala que o vizinho que ela pagou mico duas vezes e o único lugar vago era atrás dele. Melissa ficou parada o encarando até que ele percebeu ser vigiado. 3º mico dela! Ela abaixou a cabeça e ouviu uma voz dizendo algo, então se esforçou para ouvir.
– A gatinha loira nova estava te olhando.
Melissa viu que quem falava era um amigo dele. Um moleque todo virado de sua carteira, ele tinha cara de nerd, cabelos cacheados muito cheios e usava óculos. O vizinho não olhava para o amigo, mas disse:
– Cala a boca, Mike.
De repente os dois estavam olhando para ela com cara de confusos e o professor falou tão alto que todos os alunos a encararam:
- Senhorita. Sente-se. Os dois bobões ali não mordem. Pelo menos eu acho. – disse o professor.
– Que piada mais sem graça, professor Steuart. – disse o de cabelos enrolados, Mike.
 – Não era para ter graça mesmo. – disse o professor que começara a escrever algo no quadro negro.
Melissa se sentou encarando a carteira. “Mais um mico e eu explodo”, pensava ela.

****
O professor Steuart era quem lhes dava aula, mas ele era eventual.
 – Vocês irão fazer uma atividade em dupla. – disse ele sorrindo.
 Todos comemoraram.
– Mas serei eu quem escolherá com quem vocês irão fazer.
Ouve-se vários alunos se lamentando.
– Ah senhor Stewart. Aí já é sacanagem. – disse alguém do lado direito de Melissa na outra fileira. Era um garoto muito bonito de cabelos lisos e pretos. Ele vestia uma jaqueta dos atletas da escola e tinha um par de olhos azuis lindos e agora sorria para o professor.
– Nem “A” e nem “B”. – disse o professor.
O garoto percebeu que Melissa o olhava. Ele ficou meio sem graça e passou as mãos nos cabelos sedosos.
 – Oi. – disse ele. – Eu sou Carter. Qual é o seu nome?
– Melissa, mas pode me chamar de Mel.
– Melissa. Lindo nome. – disse ele corando. – Você é nova aqui?
Ah! Não. Imagina... – pensava Mel.
– É que eu nunca havia te visto e eu sou meio no mundo da lua.
– Minha mãe, meu irmão e eu decidimos nos mudar.
 – No meio do ano?
 – É que meu pai faleceu e onde nós morávamos tinha muitas lembranças que não nos deixava em paz.
– Sinto muito. Eu não devia me meter.
 – Tudo bem. Nós estamos muito melhor agora.
Ela se virou e fitou a carteira. Pelo canto do olho Mel podia ver Mike e Carter a encarando.
Ótimo! Dois garotos aparentemente metidos estão a fim de mim... – pensou Mel.
Finalmente o senhor Steuart chegou a mesa de Mike.
– Senhor McCowford, você quer fazer dupla com a aluna nova que parece a Barbie, não é? – supôs o professor.
– Já que o senhor manda. – disse Mike se levantando.
– Não, não. Imagina. Eu escolhi uma dupla ainda melhor para o senhor. – disse o professor com um sorriso maléfico e irônico.
 – Quem? – perguntou Mike sem ânimo.
– O senhor Carter Johnson.
 – O que? – berrou Carter e seus amigos com a mesma jaqueta de atletas começaram a rir tirando sarro. – Por acaso eu tenho cara de quem faz dupla com nerdzinho fracassado?
– O senhor quer mesmo que eu lhe responda? – perguntou o professor.
Carter não disse nada.
– Foi o que eu pensei. Agora os dois comecem a fazer o resumo de um livro, pois isso valerá a metade de suas notas.
Então o professor olhou para Melissa.
– Você. Menina atrasada. Vai fazer com o senhor Brandon Alams. O garoto aí sentado na sua frente.
 Ótimo! Eu e o vizinho! – pensava Melissa.
O garoto se levantou e se sentou ao seu lado.
– Escolham um livro e façam um belo resumo. Isso vai ser para ajudar vocês.
 – Ah! Vai ajudar muito! – disse Mike com certa ironia.
O professor respirou e por final disse:
 – Mike.
– Sim?
– Cala a boca. – então ele se sentou em sua cadeira.
– Ele é sempre assim? – perguntou Melissa.
– Sempre, mas daqui um tempo você se acostuma. – disse Brandon. – Eu acho que nós já nos vimos antes, não é?
Ah! Sim! Com certeza. – pensava Melissa se lembrando das gafes.
– Eu sou Brandon.
– Melissa. – então ambos apertaram as mãos.
 – Bom, vamos trabalhar. – disse ele rindo por fim. – Há algum livro em especial que você goste?
– Eu não gosto de livros.
– Hummm. Então temos um problema, pois eu também não sou muito chegado em livros. – disse ele rindo.
 – Bem, mas eu gosto de escrever.
– Tudo bem. Vamos fazer o seguinte. Na hora do intervalo vamos à biblioteca e escolhemos um livro juntos, daí você escreve o resumo se quiser.
– Legal. – disse ela sorrindo para ele.
Melissa ficou olhando para seus olhos, eram de um tom azul escuro tão bonito e a sua íris era tão grande...

– Que foi? – perguntou ele sem graça.
– Nada. É que seus olhos são tão bonitos.
– Seus olhos ta-também são bo-bonitos. – disse ele gaguejando. – Seus olhos são cinza, é difícil se encontrar pessoas com olhos cinza.
– A sua bola preta do olho é enorme. – disse ela ainda fitando ele muito de perto.
 Brandon estava ficando sem ar.
 Mike e Carter estavam olhando.
 – Mel. Não chega tão perto assim. É que você é muito linda e eu sou menino, então... – disse ele corando.
– Ah! Tá. Desculpe. – disse ela sem graça fitando a carteira escolar.
 – Pode chegar assim perto de mim! Eu deixo! – disse Carter da outra fileira.
Mike bufou, Melissa corou e Brandon revirou os olhos. Carter reparou o jeito dos dois garotos.
– Ah! Os dois nerdzinhos idiotas estão a fim da Mel? Que bonitinho... Amor platônico de um nerd pela garota mais linda da escola. – disse Carter com um tom arrogante. – Seu pai já não te ensinou a não se apaixonar pelas garotas bonitas?
 Brandon pareceu triste, mas não por causa de Melissa, mas sim por algo que ela não sabia que era.
– Carter, pare com isso. – disse Mike.
– Ah! Quem não sabe que a mãe dele deixou o marido nerd para fugir com outro?
Melissa olhou para Brandon. Ele estava quase chorando.
 – Para, Carter! – disse Mike.
– E depois... A mamãe adultera fugiu e morreu junto ao seu verdadeiro amor. – disse Carter rindo.
Brandon deixou uma lágrima escorrer.
 – É triste, não é Brandon? Agora você não acredita no amor... Tão melancólico.
Melissa não podia mais escutar as ofensas maldosa de Carter à Brandon. Isso não era legal, era desumano.
– Você ficará solitário pelo resto da sua vida...
– Cale a boca Carter! – disse Melissa tão alto que até o professor ouviu.
– O que?
– Eu mandei você calar a sua boca! Deixa de ser idiota e vai cuidar da sua vida! E lembre-se o que você deseja para os outros volta para você! Já ouviu o ditado que diz: “O feitiço virou contra o feiticeiro”? Bem, é isso que lhe aguarda! Agora vê se vira homem e vai fazer a sua lição que o senhor Steuart passou, para ver se pelo menos nisso você presta.
 Todos da sala vaiaram Carter. Brandon ainda estava triste, mas não chorava mais. Mel se sentou do lado dele e voltou a sua posição de antes de surtar.
– Obrigada. – disse ele com um meio sorriso.
 – Disponha. – disse ela rindo.
Ouve um breve silencio.
– Aquela coisa de “O feitiço virou contra o feiticeiro” foi engraçada. Você devia ter visto a cara dele. – disse Brandon rindo.
Melissa riu.
– Foi bizarro. Eu nunca havia feito isso antes.
– Sério Mel. Obrigada.
 – Não foi legal o que ele disse.
Brandon ficou sério.
 – Brandon... Eu posso lhe fazer uma pergunta?
– Depende. – disse ele.
– Posso ou não?
– Pode.
– O que aconteceu realmente com a sua mãe?
Ele não disse nada, Mel concluiu que ele não falaria.
 – O bairro inteiro sabe o que aconteceu. Minha mãe era a garota mais linda do colégio, ela era a capitã de líderes de torcida e rica, já o meu pai era o nerd zoado da escola e pobre. Um dia minha mãe aprontou em sala de aula e meu pai tentou ajudá-la, resultado: os dois ficaram de detenção na biblioteca por uma semana. No ultimo dia da semana meu pai decidiu escrever uma poesia sobre ela e a minha mãe encontrou essa poesia. Daí eles começaram a namorar. Era o casal perfeito! Eles se casaram e nasceram eu e a minha irmã caçula, Suse. Estava tudo bem até que a minha mãe decidiu trabalhar num bar, lá ela conheceu um rapas 14 anos mais novo que ela... Então eles começaram a ter um caso. Ela ia fugir com ele e nos abandonar, mas o carro do rapaz bateu, caiu de uma ribanceira e explodiu com eles dentro.
– Nossa. Como o seu pai ficou?
 – Por um bom tempo ele ficou triste, se perguntando no que ele havia errado, mas agora ele está um pouco melhor.
– Minha mãe tinha cinco anos quando conheceu o meu pai. Uma vez ele me disse que a primeira vez que eles se viram, no aniversário de cinco aninhos da minha mãe, um cupido o acertou com sua flecha e bem acertado! – disse ela rindo. – Aos 15 anos eles começaram a namorar. Já aos 21 se casaram. Mas um dia meu pai ia ao hospital, pois a minha mãe havia passado mal, então um caminhão veio em contra mão e bateu no carro dele. Meu pai morreu sem saber que o mal estar da minha mãe era um novo bebê vindo. Naquele dia minha mãe soube que ele havia morrido e passou tão mal que acabou perdendo o bebê. Agora ela está melhor, mas ainda posso ver a tristeza em seus olhos.
 – É terrível isso, não é? Vê-los sofrendo e não poder fazer nada.
– É. Por isso que eu sempre faço as vontades dela. Quero vê-la feliz outra vez. Eu abandonei a minha antiga cidade somente por causa dela. Eu deixei meus sonhos lá, minha melhor amiga, minhas lembranças... Tudo. Eu sei que se eu pedisse para ela ficar ela ficaria, mas eu sei que as lembranças do meu pai acabavam com ela. E quando se ama de verdade nós largamos tudo, até a nossa própria felicidade para ver quem amamos feliz.
 – Verdade. É assim que eu penso também.
– Mas vamos esquecer isso. Vamos seguir em frente e alegrarmos eles com nossas ações. Beleza?
Brandon riu.
 – Beleza. – concordou ele.
O sinal soou.
– Aleluia! – gritou Mike que foi logo se sentando na frente de Brandon e Mel.
 – Olá moça bonita. – começou Mike lhe oferecendo a mão. – Eu sou Mike, melhor amigo de Brandon e o seu novo cachorrinho.
– É um prazer te conhecer Mike, mas eu sou alérgica a cachorros.
Brandon riu.
– Que fora. – disse Mike. – E aí? De onde você é?
– Eu sou de Tennesse.
– Tennesse... Já ouvi falar, mas nunca estive lá. – Mike olhou para Brandon. – Ela vai passar todos os intervalos conosco?
 – Se você se comportar eu acho que sim. – disse Brandon.
– É que ela não combina em andar com a gente.
Melissa franziu o cenho. Mike percebeu sua reação.
– Não me leve a mal... É que meninas como você não andam com caras como nós. – disse Mike.
 – Mas eu não sou como as outras garotas, eu gostei de vocês. – disse ela tão fofa que eles ficaram mudos somente a admirando. Mel corou. – O que foi?
 – Nada. – disse os dois juntos saindo de Marte e voltando ao Planeta Terra.
– Que aula é agora? – perguntou Mike.
– Filosofia. – respondeu Mel.
– A menina acabou de entrar na escola e sabe que aula é a próxima e você que estuda aqui desde o primário não sabe? – perguntou Brandon rindo.
– E daí? Você sabia que todos os anos as aulas mudam de horário? – disse Mike.
– Mesmo assim. Nós estamos em maio. Já era hora de você ter gravado as aulas.
– Meu querido... A minha memória é uma porcaria de porcaria! Eu não gravo as coisas e também eu gravo sim as aulas do ano, mas isso somente acontece em dezembro.
– Nossa... Em dezembro? Ou seja, no último mês, as férias. – disse Brandon.
– É! Eu não tenho culpa se o meu cérebro é meio lento. – lamentou-se Mike.
– Mike... Você é o garoto mais CDF da escola. – disse Brandon.
– Nem me lembre disso... Ah! Quer saber? Vamos mudar de assunto! Isso já me irritou. – ele olhou com malícia para Mel. – Então linda... Está gostando da escola?
– Acho que sim. – respondeu ela.
 – Como assim “acha”?
– É que você é meio estranho e tarado.
Brandon deu uma risadinha.
– Isso não teve a mínima graça, Brandon.
– Ah! Teve sim! Seu centésimo fora de uma garota.
– Perdoe-me Mel, é que eu sou meio idiota às vezes.
– Ás vezes? – perguntou Brandon à Mike.
– Sim! Ás vezes. – disse asperamente.
– Não. Tudo bem. – disse Mel com a sua gentileza.
– Ah! Tudo bem? Então eu posso continuar?
 – Não. – disse Melissa.
– Mike é melhor você ficar bem quieto se não quiser levar mais foras.
– Tá bom. Fazer o que, né?
O professor Steuart já havia se retirado da sala. Em seguida entrou uma mulher com cabelos presos e cacheados aparentemente uns 35 anos, estava cheia de pastas, cadernos e bolsas. Mel viu que ela precisava de ajuda e se levantou para ajudá-la, a tal professora ia deixar cair seus livros, mas Melissa interviu antes que caísse.
– Obrigada querida. – sua voz era rouca, mas com um tom doce.
– De nada professora...
– Professora Andreia. Você é nova, não é?
 – Sim.
– Percebi, pois os alunos daqui não são nada simpáticos.
Então elas chegaram à mesa da professora. Mel colocou os livros sob a mesa enquanto Andreia tentava se livrar das bolsas.
– Qual o seu nome, querida?
– Melissa.
– Mel... Eu tinha uma cachorra com esse nome. – elas riram.
– Obrigada por essa informação “conveniente”.
– Você é de onde mesmo?
– De bem longe, do Tennessee.
– Hum. Já morei lá.
– Sério? Quando?
– Alguns anos atrás. Meus irmãos mais velhos moravam lá, mas depois que me formei recebi uma oferta em outro lugar e não pude recusar.
– Fez certo. Seguir os seus sonhos. – disse Mel.
– Bom, assim espero, pois deixei muita coisa para trás. – disse ela antes de se virar para o resto da sala. – Pessoal! Silêncio!
Melissa voltou para o sem lugar.
– Hoje iremos aprender um pouco mais sobre as filosofias da vida, do cotidiano e etc.
O dia passou rápido, realmente não era como Mel imaginava que seria, ela estava bem, mas por quanto tempo?
Mel e seus dois novos ''amigos'' voltavam para suas casas rindo e conversando sobre o dia, parecia que ela os conhecia a anos. Mike morava no começo da rua então só ela e Brandon estavam juntos.
– Gostou do seu primeiro dia de aula? – perguntou Brandon sem olhar para ela.
– Sim. - disse ela um pouco tímida.

O que ela ia dizer? Ah adorei o dia inteiro por que eu adorei te conhecer? Neverrr!!
 – Ainda bem, daí você nunca vai querer ir embora. – disse ele finalmente olhando para ela e dando um quase sorriso.


Fala alguma coisa Melissa! – gritava o seu subconsciente.
– Bom – disse ele indo em direção a sua casa. – A gente se vê amanhã.
– Tá – disse ela ainda parada.
Mas que merda ta havendo comigo? – pensava Melissa enquanto acenava para Brandon.
Quando ele fechou a porta Mel correu até a sua casa e entrou sem olhar para a casa vizinha.
– Como foi a escola – disse a sua mãe que acabara de entrar no corredor.
– Foi... hum interessante. – disse por fim.
– Por que você está com essa cara de assustada? – perguntou a sua mãe.
– Eu?
Sua mãe ergueu uma sobrancelha e depois sorriu.
– O que foi? – perguntou Mel ao ver a expressão de sua mãe.
– Nada. Vai arrumar o seu quarto que eu vou fazer algo para nós comermos.
– Tá bom. – disse Mel indo para o seu quarto, então foi que ela percebeu que a janela da frente estava aberta. Com certeza a sua mãe a vira paralisada enquanto Brandon falava com ela. Ahh que ótimo, pensou ela se jogando na cama.



Continua...




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