Danna Devonne

Danna Devonne

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Capítulo 6

"Oh minha vida
Está mudando todos os dias
De todas as maneiras possíveis
Embora meus sonhos
Nunca sejam exatamente como parecem
Nunca sejam exatamente como parecem" - The Cranberries / Dreams


Oi, quanto tempo né? – dizia a mensagem de Brandon.

Houve um barulho de algo caindo com força no andar de cima.
– Mas que diabos eles estão quebrando lá em cima? – perguntou sua mãe a si mesma.
Lorena colocou a revista em cima da mesinha que ficava na frente do sofá e subiu as escadas para ver o que estava acontecendo no outro andar. Mel começou a teclar em seu celular.

Muito tempo kkk fazendo oq d bom?

Após alguns segundos ele respondeu.

Estou no meu quarto teclando com vc.

Eles trocaram sms até meia noite.

Já era segunda feira, o relógio apitava com um som irritante, mas para Brandon nada irritava. Noite passada ele ficou conversando com ela, Melissa. E hoje a veria de novo. Brandon levantou e foi até o banheiro, escovou os dentes penteou a cabelo e trocou de roupa, ele escolheu uma camiseta cinza desbotada, uma calça jeans, tênis all star preto e um moletom preto, pois hoje estava frio. Ainda faltava 20 minutos pra ele descer para encontrar com Melissa antes de ir para a escola. Brandon caminhou até a janela e fitou as árvores, atrás no horizonte o sol nascia. Brandon gostava de compor, ele tinha algumas musicas, mas ele só conseguia compor em um único lugar. Havia um lindo lugar atrás de uma casa antiga onde a mãe dele o costumava levar. Lá havia uma uma árvore que trocava de cor em todas as estações e também havia uma paisagem inexplicável ao horizonte. Brandon começou a se lembrar da primeira vez que esteve lá.

O sol raiava mas o vento era muito frio. Daniela caminhava com Brandon com apenas 9 anos de idade.
– Pra onde estamos indo mamãe? – perguntava ele.
– Você vai ver Brand.
Eles saíram da rua e entraram em uma trilha que dava até atrás de uma casa antiga. Havia árvores ao redor exceto do outro lado onde havia um horizonte infinito que mais parecia uma pintura. No meio do lugar havia uma única árvore que estava mais afastada das outras.



Daniela sentou na grama e pôs o filho no colo. Ela não dizia nada, somente fitava o nada.

– Que foi mamãe?
Ela abraçou seu filho com força.

– Ninguém nunca vem aqui, exceto eu. Aqui é o único lugar onde eu me sinto bem. E agora eu estou te dando ele, pois você é a pessoa mais importante para mim. Um dia quando você amar realmente alguém que também te ame de verdade traga ela aqui. E filho, aconteça o que acontecer saiba que eu te amo para sempre.
Então no outro dia ela havia ido embora.


Brandon se lembrava muito bem daquele dia. Como a sua mãe estava diferente. Lembra da felicidade e do medo que ele sentiu. Ele não conseguia odiá-la, para ele foi mais difícil do que para Bia, pois ela recém nascida. Ele sempre frequentava o lugar que a mãe dele compartilhou com somente com ele. Brandon jamais disse a ninguém.
O relógio já marcava 6:30. Era hora de descer, ele pegou sua mochila do Nirvana e desceu. Brandon passou pela cozinha e viu seu pai tomando café.
– Não vai tomar café? – Perguntou seu pai.
– Não, só vou levar isto – disse ele pegando um pacote de biscoito sabor chocolate.
– Você que sabe. Bom estudo.
– Obrigada. Tchau pai.
– Tchau, se cuida.
Brandon saiu. Estava muito frio, o ar congelava seu rosto e suas mãos descobertas. Melissa ainda não estava no balanço que ela adorava. Eles haviam combinado de se encontrarem às 6:30 no balanço para irem para a escola. Ele encostou na trave do balanço e esperou. Quando a porta da casa dela se abriu seus olhos brilharam. Ela vestia um blusão verde água de veludo, uma meia calça branca forrada, sapatilhas da mesma cor do blusão e uma toca branca bordada. Seu cabelo louro claro acinzentado voava como se ela fosse um anjo. Brandon nunca havia visto alguém tão linda quanto ela. E agora aquele anjo sorria para ele.


– Oi – disse ela tocando o nariz dele com o indicador.

Ele reparou que ela usava luvas brancas.
– Vamos? – perguntou ela.
– Vamos.
Brandon já não sabia mais se tremia de frio ou por causa de Melissa.
– Aqui o clima é estranho. Ontem estava nublado, a semana inteira foi quente.
– Verdade – disse Brandon sobre a parte que a semana foi quente. Ele nunca foi um garoto promíscuo, mas Melissa era a primeira garota que deixava ele assim. Na semana que passara ele havia sonhado que Melissa estava em cima dele o beijando em sua cama. Brandon nunca havia sonhado algo do tipo e sonhos não são possíveis de se controlar... Não que ele quisesse.
– O que você tanto pensa? – perguntou Mel toda sorridente cutucando o braço dele.
– Nada – disse ele olhando para o outro lado.
– Sonhou algo hoje? – perguntou Mel.
Brandon arregalou os olhos e olhou para o chão.


Só que você me beijava sem parar – pensava Brandon.
– Não que eu me lembre – responde ele por fim.
– Eu me lembro do meu. Eu estava em um lindo lugar, mas eu chorava, mas não sabia porque – disse Mel franzindo o cenho – Você acha que sonhos são como premonições de nossas vidas que só nós podemos decifrar?
Quem dera – pensou Brandon lembrando de seu sonho.
– Não sei. Talvez. Tudo é possível – disse ele torcendo que fosse possível.
Eles encontraram Mike no caminho eles não se falavam desde sábado.
– Oi – disse Mike sem ânimo.
– Oi  – disse Brandon e Mel juntos.
– Vocês souberam que a garota que morreu foi a Keyla? - perguntou Mike abismado.
Mel ficou surpresa.
– Meu pai já tinha me contado – disse Brandon.
– Keyla é aquela menina que inventou um boato sobre você, não é? – perguntou Melissa à Brandon.
– Ela mesma.
– Parece que quem matou ela é da escola, estão investigando o Dough e o Carter.
– Sério? Por que os dois? – perguntou Mel.
– Parece que ela estava "ficando" com os dois – disse Mike.
Brandon riu.
– Que mal gosto – disse ele.
– Você está zoando uma pessoa morta? – perguntou Mike rindo.
– Foi mal – disse Brandon.
– Mas mesmo assim, isso não é motivo pra matar alguém – disse Melissa.
– Hoje em dia até R$ 1,00 é motivo pra matar – disse Mike.
– É verdade – concordou Brandon.
– Eles vão para a escola hoje? – perguntou Melissa.
– Não sei – respondeu Mike.
Ao chegarem na escola estava mais lotado do que o normal. Haviam carros até nas calçadas, também três viaturas na frente do portão escolar.
– Nossa – comentou Mike impressionado.
Eles entraram e foram para a sala de aula. A sala estava silenciosa, havia um policial ao lado da mesa da professora Andreia, mas Melissa não viu o seu rosto. Eles entraram em silêncio, exceto Melissa que deu bom dia à professora. Eles se sentaram e o sinal tocou alto. A professora se levantou ao lado do homem. Melissa percebeu que conhecia ele de algum lugar, Brandon se virou para ela.
– Esse cara não é aquele da sorveteria? – perguntou ele com o cenho franzido.
Realmente era ele, só que com roupa do trabalho. Melissa coçou a nuca, parecia que não a tinha visto.
– Pessoal – começou a professora – Este é detetive Christopher, todas as salas terão um policial de agora em diante.
Ela gesticulou para que ele falasse.
– Bom dia. Bem, devido o que aconteceu na última festa escolar da vizinhança serão necessários algumas perguntas frequentes para vocês. Pelo que parece a garota que morreu foi assassinada e temos alguns suspeitos que serão interrogados hoje – ele parou de falar quando viu Melissa, depois se recompôs e continuou – Qualquer coisa que vocês saibam nos conte, pois qualquer pista oculta é crime.
Ele olhou para Melissa e depois se sentou em uma cadeira ao lado da professora.
– Esse cara olha pra você toda hora – disse franzindo o nariz.
– Não é toda hora, só foi duas vezes – disse ela sem graça.
Alguns alunos começaram a conversar, Mike se virou para eles sorrindo.
– Gente vai ser que nem em filmes, quando há um assassinato e todos são interrogados como suspeitos!
– Cala a boca Mike – disse Brandon.
– Isso vai ser uma chatice – disse uma menina que sentava atrás de Mike.


Ela nunca havia falado com eles nessa semana em que Melissa entrou na escola. Seu nome era Sara Parker , ela tinha cabelos louros e olhos verdes grandes, uma sobrancelha grossa e bem feita, usava uma legging de oncinha, uma regata com um colete e botas pretas.
– Por que? – perguntou Mike indignado.
– Por que eles já sabem quem matou ela, dãr.
– Bem feito pra ela, quem mandou ser uma vadia – disse uma menina que sentava atrás de Sara.


O nome dela era Blake Rudson, para Melissa ela era a menina mais linda da sala, era amiga de Keyla e de Sara, ela estava com um vestido vermelho comportado e sapatilha da mesma cor, seu cabelo ruivo claro comprido caía sob sua pele de porcelana com sardas e seus olhos eram de uma cor azul clara linda.
– Você não era amiga dela? – perguntou Brandon com ironia.
– Era – disse Blake.
– Não vejo motivo pra tanto questionamento se já sabem quem é o culpado – disse Sara bufando.
– É o trabalho deles – disse Mike.
– Tanto faz – disse Sara se virando para falar com Blake.
– Meninas chatas – sussurrou Mike para Mel e Brandon.
Todo essa conversa sobre morte deixava Mel enjoada, lhe fazia lembrar do seu pai. Ela se levantou mesmo com vergonha do policial e pediu para a professora a deixar ir no banheiro. Mel saiu, mas quando chegou no corredor sentiu que alguém a vigiava, em seguida alguém colocou uma mão em seu ombro.

Continua...





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